segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A partir de Robert Wilson - A cor e o pintor sob a chuva e o tempo

Robert Wilson, a partir de sua experiência como cenógrafo, explora a visualidade dramática e expressiva da cor, combinando-a como um elemento compositivo, mas também rítmico e temporal. As figuras retratadas através do vídeo são em vários momentos estáticas, o que cria uma ansiedade no espectador, pois ele é capaz de perceber sutis mudanças de cor, mas que não correspondem ao que se espera de algo vivo (como a figura retratada). No decorrer que a cor se transforma ou não dentro do espaço, ela forçosamente se impõe como o elemento que controla a passagem do tempo, ou melhor, a percepção desse tempo para o espectador.

Este uso da cor, explorado na cenografia, é um elemento importante na pintura. Neste trabalho, investigando o tradicional princípio das camadas de cor da pintura, e a partir de Robert Wilson, deixo uma pintura minha reagir ao efeito da chuva. O que espero que aconteça é que a água da chuva modifique a pintura, retirando as camadas de tinta mais recentes, e revelando as camadas mais antigas. Vou filmar o processo para registrar também esta ação através do tempo.

Uma vez dita e explicitada a investigação formal do meu trabalho, falarei sobre o que realmente aconteceu. Para captar o efeito de chuva e seus nuances, precisava de uma boa câmera, ou então ficar bem próximo. Porém, devido a minha ansiedade de aproveitar o tempo enquanto chovia não conseguia achar uma posição boa para a câmera e as telas que estava sob a chuva. Ora a câmera ficava muito longe, ora a tela estava na sombra ou distante demais.

No primeiro vídeo são perceptíveis minhas tentativas e meu quase desespero na resolução do problema. O ideal talvez fosse ter preparado já o ''cenário'', deixando a câmera e o cavalete nas posições idéias e daí com outra câmera explorando outros ângulos. Porém, a chuva tinha me pego de surpresa. A chuva diminuiu, quase parando. Era a deixa para que eu pudesse me reorganizar e pensar em um plano B. Resolvi então tentar produzir o efeito que imaginava na prática, ou seja, pintando sob a chuva. Quando começou a chover e ventar bastante, comecei. Pegava uma cor e tentava unir as duas telas diferentes numa só pintura. Preocupado o com pote de tinta que segurava, e a água que destruía quase que imediatamente o que eu fazia, tentava correr. Talvez e tempo e o clima interferisse mais em mim do que própria tela. O vídeo já está no youtube, é muito pesado para colocar aqui no blog. O link é http://www.youtube.com/watch?v=F98hb65y1qs

Em breve colocarei também o primeiro vídeo, que mostra a minha primeira tentativa que não deu muito certo...

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